15 de Outubro de 2019
SANTA TERESA DE JESUS VIRGEM E DOUTORA
Santa Teresa de Jesus, mestra de oração
Nos seus vários escritos, Santa Teresa trata os graus
de oração:
por isso esla é “Mater spiritualium” ou seja “Mãe dos espirituais”.
(Proclamação
de Santa Teresa de Jesus a Doutora da Igreja - Homilia do Papa Paulo VI
Domingo, 27 de Setembro de 1970)
Santa Teresa fornece uma maravilhosa
definição de oração: “[...] a meu parecer,
oração mental, senão tratar de amizade - estando
muitas vezes tratando a
sós - com quem sabemos que nos ama”.
( S. Teresa de Jesus, Vida, Cap.
8, n. 5.)
Rezar o Pai Nosso e a Ave
Maria, ou o que quiserdes, é oração vocal; “[...] a diferença que há entre ela
e a oração mental, que é o que fica dito: pensar e entender o que dizemos e a
Quem o dizemos e quem somos nós que ousamos falar com tão grande Senhor”.
“Mas vede que mal sairá a
música sem a primeira”.
(S. Teresa de Jesus, Caminho de
Perfeição, Cap. 25, n. 3. Cfr. e Caminho de Perfeição, Cap. 22, nn. 1 e 3.)
Como começar a meditar?
“O exame de consciência, dizer a
confissão e persignar-se, já se sabe que há-de ser a primeira coisa. Procurai
logo, filhas, pois estais sós, arranjar companhia. E que melhor que a do mesmo Mestre
que ensinou a oração que ides rezar? Representai-vos o mesmo Senhor junto de
vós e vede com que amor e humildade Ele vos está ensinando”.
(S.
Teresa dE Jesus, Caminho de Perfeição, Cap.26, n.1.)
“Não vos peço agora para pensardes
n'Ele, nem que formeis muitos conceitos, nem que façais grandes e deliberadas
considerações com o vosso entendimento; não vos peço senão que olheis para Ele”.
(S.
Teresa dE Jesus, Caminho de Perfeição, Cap.26, n.3.)
“Embora neste primeiro ano tivesse
lido bons livros, [...] não sabia como proceder na oração nem como recolher-me.
Procurava o mais que podia trazer a
Jesus Cristo, nosso Bem e Senhor, presente dentro de mim e este era o meu modo
de oração: se pensava em algum passo, representava-O no interior, embora gastasse
mais tempo em ler bons livros, que era toda a minha recreação. (Cfr. Vida, Cap.4, n.7.)
Com grande sabedoria, o Santo sugere
escolher os temas da meditação:
Tal como dizem que há-de fazer a
mulher, para ser bem casada com seu marido: “se ele está triste, ela se há-de
mostrar triste, e alegre se está alegre, ainda que nunca o esteja. Isto, em
verdade, sem fingimento, faz o Senhor connosco: faz-se Ele o escravo e quer que
sejais vós a senhora, e andar Ele a vosso gosto. Se estais alegres, vede-O
ressuscitado: só O imaginar como saiu do sepulcro vos alegrará. Se estais em
trabalhos ou tristes, vede-O a caminho do Horto: que aflição tão grande levava em
sua alma, pois, com ser a mesma paciência, confessa essa aflição e dela se
queixa. Ou vede-O atado à coluna, cheio de dores, Sua carne toda feita em
pedaços pelo muito que vos ama; tanto padecer, perseguido por uns, cuspido por
outros, negado pelos Seus amigos, desamparado por eles, sem ninguém que seja
por Ele, gelado de frio, posto em tanta soledade, que um com o outro vos podeis
consolar. Ou vede-O carregado com a cruz, que nem O deixavam tomar fôlego.
Olhar-vos-á, com olhos tão formosos e piedosos, cheios de lágrimas, e olvidará
Suas dores para consolar as vossas, só por irdes consolar-vos com Ele e
voltardes a cabeça a fitá-LO.
"[A alma] imagine que você está
diante de Jesus Cristo”:
“Pode representar-se que está diante
de Cristo e acostumar-se a enamorar-se muito da Sua Sagrada Humanidade,
trazendo-O sempre consigo. E fale com Ele. É pedir-Lhe ajuda para as necessidades
e queixar-se-Lhe dos trabalhos. É alegrar-se com Ele nos contentos e não O
olvidar por eles. Isto sem procurar orações compostas, mas palavras conforme
aos seus desejos e necessidade.
É excelente maneira de aproveitar e
muito em breve. Quem trabalhar em trazer consigo esta preciosa companhia e se
aproveitar muito dela e deveras cobrar amor a este Senhor, a Quem tanto devemos,
eu o dou por aproveitado”. (Cfr.
Vida, Cap12, n.2.)
Para aqueles que lutam para imaginar
as cenas evangélicas por si mesmos:
“O que podeis fazer para ajuda disto
é procurar trazer uma imagem ou retrato deste Senhor que seja a vosso gosto;
não para trazê-lo no seio e nunca para ele olhar, mas para falar com Ele muitas
vezes, que Ele mesmo vos ensinará o que Lhe haveis de dizer”.
“É também grande remédio pegar num
bom livro em língua vulgar, mesmo para recolher o pensamento e vir a rezar bem
vocalmente; e, pouco a pouco, se vai acostumando a alma, com afagos e
artifícios, para não a amedrontar.
(Caminho
de Perfeição, Cap.26, n.9-10.)
Santa Teresa discute repetidamente a
questão dos obstáculos que dificultam a oração e podem levar ao abandono:
“Se nos acostumamos (embora a
princípio dê trabalho, porque o corpo pugna pelos seus direitos, sem entender
que bate em si mesmo não se dando por vencido), se o fazemos alguns dias e
assim nos esforçamos, ver-se-á claramente o ganho”.
(Caminho
de Perfeição, Cap.28, n.7.)
“Pois, quanto à primeira coisa, já
sabeis que Sua Majestade nos ensina que seja a sós; e assim fazia Ele sempre
que orava, não por necessidade, mas para nosso ensinamento. Já está dito que não
se sofre falar com Deus e com o mundo”
(Caminho
de Perfeição, Cap.24, n.4.)
Quanto a distrações involuntárias:
“O último remédio que encontrei ao cabo de me ter afadigado muitos anos,
é o que disse na oração de quietude:zz que não se faça mais caso da imaginação
que dum louco; é deixá-la com seu tema, que só Deus lho pode tirar. Enfim, aqui
fica por escrava.”
(Cfr. Vida, Cap17, n.7.)
Por mais intensa e prolongada seja a
aridez ou a distração, o Santo é inflexível: a oração nunca deve ser
abandonada:
[...] e nenhum, por perdido que esteja, se Deus o desperta para tão
grande bem (a oração), havia de a deixar”. (Caminho de Perfeição,
Cap.16, n.3.)
“Outra razão é porque o demónio não tem tanto pé para tentar.” (Caminho de Perfeição, Cap.23, n.4.)
“Porque destes gostos que o Senhor dá aos que perseveram na oração muito
se tratará mais adiante, nada direi aqui; só digo que para estas mercês tão
grandes que a mim me tem feito, a porta é a oração.
(Caminho de Perfeição,
Cap.8, n.9.)