sábado, 20 de setembro de 2014

TEMPO COMUM. VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO. CICLO A


A VINHA DO SENHOR


Primeira Leitura da Missa: “Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor; mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos. (Is 55, 6‑9).


“Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor: se me invocarem na tribulação, eu os ouvirei e serei sempre o seu Senhor.” 
Antífona de entrada da Missa do 25º domingo do Tempo Comum, ciclo A): 


“Não há ninguém – afirma São Bernardo – que, por pouco que reflita, não encontre em si mesmo poderosos motivos que o obriguem a mostrar‑se agradecido a Deus. E especialmente nós, porque o Senhor nos escolheu para si e nos guardou para o servirmos somente a Ele”. 
São Bernardo, Sermão 2, para o IV Domingo depois de Pentecostes, 1.


O trabalho que nos espera na vinha do Senhor é tanto! O «dono da casa» insiste com mais energia no seu convite: Ide vós também para a minha vinha”. 
João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 3.


“Que cada um examine o que faz – exorta São Gregório Magno – e veja se já trabalha na vinha do Senhor. Porque aquele que nesta vida só procura o seu próprio interesse ainda não entrou na vinha do Senhor. Pois para Ele trabalham [...] os que se desvelam em ganhar almas e se apressam a levar outros à vinha”. 
São Gregório Magno, Homilias sobre o Evangelho, 19, 2.


“Têm a sua própria capacidade apostólica”. 
Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam actuositatem, 12. 


“Por conseguinte, impõe‑se a todos os cristãos a dulcíssima obrigação de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens de qualquer lugar da terra”. ibid., 3.



“Seja como for – comentava o Papa –,esta é a vinha e este é o campo em que os fiéis leigos estão chamados a viver a sua missão. Jesus quer que sejam sal da terra e luz do mundo, como todos os seus discípulos (cfr. Mt 5, 13‑14)”.
João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 3.


São Paulo, na segunda Leitura da Missa12, escreve aos cristãos de Filipos: ... Não sei o que escolher. Encontro‑me nesta alternativa: por um lado, desejo ser desatado da carne para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor; por outro, vejo que permanecer nesta vida é mais necessário, por causa de vós. Fil 1, 20‑24; 27


“Não admitas o desalento no teu apostolado. Não fracassaste, como Jesus também não fracassou na Cruz. Ânimo!... Continua contra a corrente, protegido pelo Coração Materno e Puríssimo da Senhora: Sancta Maria, refugium nostrum et virtus! Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza.


“Tranqüilo. Sereno... Deus tem muito poucos amigos na terra. Não te esquives ao peso dos dias, ainda que às vezes se nos tornem muito longos”. 
Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Via Sacra, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, 1981, XIIIª est., n. 3.





domingo, 14 de setembro de 2014

Ladainha de Nossa Senhora das Dores

Ladainha de Nossa Senhora das Dores


A festa de hoje, imediatamente depois da Exaltação da Santa Cruz, recorda-nos a particular união e participação de Maria no Sacrifício do seu Filho no Calvário. 
A piedade cristã meditou desde o princípio nos relatos que os Evangelhos nos transmitiram sobre a presença de Nossa Senhora junto da Cruz. 
    A seqüência da Missa Stabat Mater Dolorosa aparece já no século XIV. O Papa Pio VII, em 1814, estendeu esta devoção a toda a Igreja, e em 1912 São Pio X fixou-lhe a data no dia 15 de setembro, oitava da Natividade de Maria. 

    Nossa Senhora ensina-nos no dia de hoje qual é o valor corredentor que podem ter as nossas dores e sofrimentos.




SEQUÊNCIA

Estava a Mãe dolorosa, 
Junto da cruz lacrimosa,
Enquanto Jesus sofria.

Uma longa e fria espada, 
Nessa hora atribulada,
O seu coração feria.
Oh quão triste e tão aflita
Padecia a Mãe bendita,
Entre blasfémias e pragas,
Ao olhar o Filho amado,
De pés e braços pregado,
Sangrando das Cinco Chagas!
Quem é que não choraria,
Ao ver a Virgem Maria,
Rasgada em seu coração,
Sem poder em tal momento,
Conter as fúrias do vento
E os ódios da multidão!
Firme e heróica no seu posto,
Viu Jesus pendendo o rosto,
Soltar o alento final.

Ó Cristo, por vossa Mãe,
Que é nossa Mãe também,
Dai-nos a palma imortal.


Maria, fonte de amor,
Fazei que na vossa dor
Convosco eu chore também.
Fazei que o meu coração
Seja todo gratidão
A Cristo de quem sois Mãe.
Do vosso olhar vem a luz
Que me leva a ver Jesus
Na sua imensa agonia.
Convosco, ó Virgem, partilho
Das penas do vosso Filho,
Em quem minha alma confia.
Mãos postas, à vossa beira,
Saiba eu, a vida inteira,
Guiar por Vós os meus passos.
E quando a noite vier,
Eu me sinta adormecer
No calor dos vossos braços.
Virgem das Virgens, Rainha,
Mãe de Deus, Senhora minha,
Chorar convosco é rezar.
Cada lágrima chorada
Lembra uma estrela tombada
Do fundo do vosso olhar.
No Calvário, entre martírios,
Fostes o Lírio dos lírios,
Todo orvalhado de pranto.
Sobre o ódio que O matava,
Fostes o amor que adorava
O Filho três vezes santo.
A cruz do Senhor me guarde,
De manhã até à tarde,
A minha alma contrita.
E quando a morte chegar,
Que eu possa ir repousar
À sua sombra bendita.



“Se rasgam com açoites o corpo de Jesus, Maria sente todas essas feridas; se lhe atravessam com espinhos a cabeça, Maria sente-se dilacerada pela ponta desses espinhos; se lhe apresentam fel e vinagre, Maria experimenta todo esse amargor; se lhe estendem o corpo sobre a cruz, Maria sofre toda essa violência”. 

A. Tanquerey, La divinización del sufrimiento, pág. 108;


Quanto mais se ama uma pessoa, mais se sente a sua perda. “Mais aflige a morte de um irmão que a de um irracional, mais a de um filho que a de um amigo. Pois bem [...], para compreendermos quão grande foi a dor de Maria na morte do seu Filho, teríamos que conhecer a grandeza do seu amor por Ele. Mas quem poderá alguma vez medir esse amor?”

Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, 2, 9;
“E já que cada um de nós contribuiu para acrescentá-la, não devemos compadecer-nos e procurar reparar as feridas infligidas ao Coração de Maria e ao Coração de Jesus?” 
A. Tanquerey, op. cit., pág. 110; (6) Lc 2, 34-35;
“O anúncio de Simeão – comenta João Paulo II – apresenta-se como um segundo anúncio a Maria, pois indica-lhe a dimensão histórica concreta em que o Filho cumpriria a sua missão, ou seja, na incompreensão e na dor [...]. Revela-lhe também que Ela teria de viver a sua obediência de fé no sofrimento, ao lado do Salvador que sofre, e que a sua maternidade seria obscura e marcada pela dor” .
João Paulo II, Enc.Redemptoris Mater, 25-III-1987, n. 16


«Ó meu Deus! Aceito todas essas modalidades: o que quiseres, quando quiseres e como quiseres»”9. Pediremos a Deus mais amor e dir-lhe-emos devagar, com um completo abandono: “Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero!”. 

Josemaría Escrivá,Caminho, n. 762;
“Por outro lado, Ela recebeu de Jesus na Cruz a missão específica de amar-nos, de só e sempre amar-nos para nos salvar. Maria consola-nos sobretudo mostrando-nos o crucifixo e o paraíso [...].
“Ó Mãe Consoladora, consolai-nos, fazei que todos compreendamos que a chave da felicidade está na bondade e no seguimento fiel do vosso Filho Jesus”. 
João Paulo II, Homilia, 13-IV-1980.



Ladainha de Nossa Senhora das Dores
Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, tende piedade de nós.
R/. Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,


Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das virgens,
Mãe crucificada,
Mãe dolorosa,
Mãe lacrimosa,
Mãe aflita,
Mãe abandonada,
Mãe desolada,
Mãe despojada de seu Filho,
Mãe transpassada pelo gládio,
Mãe consumida pelo infortúnio,
Mãe repleta de angústias,
Mãe com o coração cravado na Cruz,
Mãe tristíssima,
Fonte de lágrimas,
Auge do sofrimento,
Espelho de paciência,
Rochedo de constância,


Âncora da confiança,

Refúgio dos desamparados,
Escudo dos oprimidos,
Vencedora dos incrédulos,
Conforto dos miseráveis,
Remédio dos enfermos,
Fortaleza dos fracos,
Porto dos náufragos,
Bonança nas borrascas,
Recurso dos aflitos,
Terror dos que armam ciladas,
Tesouro dos fiéis,
Vista dos Profetas,
Báculo dos Apóstolos,
Coroa dos Mártires,
Luz dos Confessores,
Pérola das Virgens,
Consolação das viúvas,
Alegria de todos os Santos,


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,

R/. perdoai-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. atendei-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. tende piedade de nós, Jesus.

Oremos. Velai por nós, defendei-nos, preservai-nos de todas as angústias, pela virtude de Jesus Cristo. Amém.



Orações a Nossa Senhora

Minha Mãe dolorosa, 
não vos quero deixar sozinho a chorar, não; eu quero acompanhar-vos também com as minhas lágrimas. 
Esta graça vos peço hoje; alcançai-me uma contínua lembrança e uma devoção terna à paixão de Jesus e à vossa, a fim de que todos os dias que me restam de vida, me sirvam somente para chorar as vossas dores, 
e as do meu Redentor. 
Elas me alcançarão o perdão, 
a perseverança, o céu, 
onde espero depois recrear-me em vós e cantar as misericórdias infinitas de Jesus, 
por toda a eternidade. 
Amém.


Exaltação da Santa Cruz





Exaltação da Santa Cruz


Ó Cruz que vences!, Cruz que reinas!, Cruz que limpas todo o pecado! Aleluia. 

(Liturgia da Horas, Antífona de Laude)



Conta uma piedosa tradição que, quando o imperador, vestido com as insígnias da realeza, quis carregar pessoalmente o santo Madeiro até o seu primitivo lugar no Calvário, o seu peso foi-se tornando cada vez mais insuportável. Nesse momento, Zacarias, bispo de Jerusalém, fez-lhe ver que, para levar aos ombros a Santa Cruz, deveria desfazer-se das insígnias imperiais, imitando a pobreza e a humildade de Cristo, que tinha carregado o santo lenho despojado de tudo. Heráclio vestiu então umas humildes roupas de peregrino e, descalço, pôde levar a Santa Cruz até o cimo do Gólgota. (Croisset, Año mariano, Madrid, 1846, vol. VII, pág. 120-121;)



É a árvore de riquíssimos frutos, arma poderosa que afasta todos os males e espanta os inimigos da nossa salvação: Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos, dizemos todos os dias ao persignar-nos. A Cruz – ensina um Padre da Igreja – “é o escudo e o troféu contra o demônio. É o sinal para que não sejamos atingidos pelo anjo exterminador, 
como diz a Escritura (cfr. Ex 9, 12).
É o instrumento para levantar aqueles que caem, o apoio para os que se mantêm em pé', o bastão dos débeis, o guia dos que se extraviam, a meta dos que avançam, a saúde da alma e do corpo. Afugenta todos os males, acolhe todos os bens, é a morte do pecado, a semente da ressurreição, a árvore da vida eterna”5. O Senhor pôs a salvação da humanidade no lenho da Cruz, para que a vida ressurgisse de onde viera a morte, e aquele que vencera na árvore do Paraíso 
fosse vencido na árvore da Cruz. 
(Prefácio da Missa da Exaltação da Santa Cruz).
Deus abençoa com a Cruz quando quer conceder grandes bens a um dos seus filhos, a quem trata então com particular predileção.
Não são poucos os que fogem em debandada da Cruz de Cristo, e se afastam da verdadeira alegria, da eficácia sobrenatural, da própria santidade; fogem de Cristo. Levemo-la nós sem rebeldia, sem queixas, com amor.
“Estás sofrendo uma grande tribulação? Encontras oposição? – Diz, muito devagar, como que saboreando, esta oração forte e viril:


«Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. – Assim seja. Assim seja». 

“Eu te garanto que alcançarás a paz”. 
(Josemaría Escrivá, Caminho, n. 691).
CRUZ FIEL, tu és a mais nobre de todas as árvores; nenhuma outra pode comparar-se a ti 
em folhas, em flor, em fruto. 
(Hinos Crux fidelis)



“Se sofres, submerge a tua dor na dele: diz a tua Missa. Mas se o mundo não compreende estas coisas, não te perturbes; basta que te compreendam Jesus, Maria, os santos. Vive com eles e deixa que o teu sangue corra em benefício da humanidade: como Ele!”
(Ch. Lubich, Meditações)
A única dor verdadeira é afastar-se de Cristo. Os outros padecimentos são passageiros e convertem-se em alegria e paz. “Não é verdade que, mal deixas de ter medo à Cruz, a isso que a gente chama de Cruz, quando pões a tua vontade em aceitar a vontade divina, és feliz, e passam todas as preocupações, os sofrimentos físicos ou morais?
“É verdadeiramente suave e amável a Cruz de Jesus. Não contam aí as penas: só a alegria de nos sabermos corredentores com Ele”. 
( Josemaría Escrivá, Via Sacra, Quadrante, São Paulo, 1981, II)

“«Cor Mariae perdolentis, miserere nobis!» – invoca o Coração de Santa Maria, com ânimo e decisão de te unires à sua dor, em reparação pelos teus pecados e pelos de todos os homens de todos os tempos.
“E pede-lhe – para cada alma – que essa sua dor aumente em nós a aversão ao pecado, e que saibamos amar, como expiação, as contrariedades físicas ou morais 
de cada jornada”. 
 ( Sulco, n. 258).

Eis a Cruz do Senhor: inimigos, fugi! 
Triunfou e venceu o Leão de Judá, 
a Raiz de Davi! Aleluia.

Eis a Cruz do Senhor: inimigos, fugi! 
Triunfou e venceu o Leão de Judá, 
a Raiz de Davi! Aleluia.

Ó Cruz tão bendita, só tu mereceste 
trazer o Senhor, Rei dos céus, aleluia.

Ó Cruz gloriosa! De teus braços pendeu 
o tesouro precioso e a redenção dos cativos. 
Por ti foi o mundo remido no sangue de seu Redentor. 
Salve, ó Cruz, consagrada pelo corpo de Cristo, 
por seus membros ornada, quais pedras preciosas.



O sentido da festa da 
exaltação da Santa Cruz

A Exaltação da Santa Cruz
Les Très Riches Heures du duc de Berry - Musée Condé, Chantilly.
Hoje é festa da Exaltação da Santíssima Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os comentários comuns na festa da exaltação da Santa Cruz muito condignamente falam da cruz. E um pouco paradoxalmente eu vou falar da exaltação da cruz, mais do que propriamente da cruz, para indicar bem qual é o sentido desta festa.
Os senhores sabem que a cruz é um instrumento de suplício, usado em toda a antiguidade, que representava uma ignomínia para a pessoa que fosse crucificada; uma vergonha para a pessoa e uma vergonha para a família.
São Paulo reclamou de não ser objeto de crucifixão ou outro tipo qualquer de morte, mas de ser decapitado, porque ele era cidadão romano e, sendo cidadão romano, tinha as honras de cidadão romano, não era sujeito a crucifixão.
Nosso Senhor Jesus Cristo portanto, sendo crucificado, recebeu uma humilhação tremenda. Esta humilhação equivalia a matá-Lo dizendo que era um bandido, que era um ladrão, que era do mesmo gênero que os dois outros facínoras com os quais foi crucificado.
Neste sentido a cruz não era apenas uma humilhação, mas o auge de todas as outras humilhações que Ele sofreu durante a sua existência terrena.
O povo judaico foi enchendo Nosso Senhor de humilhações durante sua vida terrena. E essas humilhações, que correspondiam a um ódio crescente, desfecharam na maior de todas as humilhações possíveis que foi o sacrifício da Cruz. Este desejo de infligir a Nosso Senhor um martírio moral, humilhando-O ao longo de toda a sua ação é muito evidente.
Em toda a Paixão nota-se o desejo de humilhar a Nosso Senhor. Assim, por exemplo, a coroa de espinhos, a túnica de bobo, uma cana na mão à guisa de cetro, as pessoas que batiam nEle, etc., exprimem o desejo de O atormentar na sua Alma Santíssima, e não apenas no seu Corpo Santíssimo.
A Cruz de Nosso Senhor representa, portanto, todas as humilhações que Ele sofreu durante a vida. E ela é o começo de todas as humilhações que até o fim do mundo todos os católicos haveriam de sofrer por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Porque a impiedade não desarma. Ela visa sempre humilhar, ela visa sempre quebrar a moral. Não há aqui nesta sala um só que não tenha sido humilhado por causa de sua fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo. É uma honra para nós, é exatamente uma das bem-aventuranças ser perseguido por amor a Jesus Cristo.
Nós todos sofremos estas humilhações, e havemos de sofrer até o fim do mundo, exatamente por causa disto, por causa do contínuo ultraje que a impiedade faz contra Deus.
* Os católicos tomaram a cruz como sinal de honra para reivindicar a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo
Coroa de Carlos Magno ou Coroa de Nuremberg, durante séculos símbolo da soberania do Sacro Império Romano
Mas, paralelamente, a honra de Deus, a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo é reivindicada pela Igreja. E por causa disto os católicos tomaram a Cruz como sinal de honra, como o que há de mais sagrado, o símbolo de quanto há de mais santo, e aí os senhores vêem três manifestações características dos tempos de Fé: a Cruz colocada no alto das coroas; a Cruz como sinal heráldico dos mais nobres galardões das famílias da alta aristocracia; a Cruz colocada como insígnia das condecorações.
Tudo isto provando que o católico, para exaltar a Cruz em face desta humilhação, para revidar esta humilhação, e revidar com ufania cavalheiresca e sobrenatural, faz a exaltação da Santa Cruz.
O que representa isto?
Antes de tudo, tomar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e glorificá-la.
O aparecimento da Cruz a Constantino na Ponte Milvia, dizendo: "Com este sinal vencerás!", significava isto. A Cruz se levantava no céu e ia ficar definitivamente no horizonte do mundo, humilhando por sua vez os maus, humilhando por sua vez os demônios.
E a Cruz por sua vez ia ser o sinal de nossa honra, como as nossas cruzes iam ser sinal de nossa honra. E a nossa honra não consiste em nós não sermos humilhados, mas consiste em receber a humilhação com ufania. E receber gabando-se da humilhação.

Batalha da Ponte Milvia - Pieter Lastman - 1613
E mais ainda, num espírito de desafio. Em face daquele que nos humilha, nós revidamos como cavalheiros e nós proclamamos com ufania ainda maior a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

* A exaltação é a proclamação da glória da Cruz com ufania

Esta idéia da exaltação exatamente é isto: é a proclamação da glória da Cruz, com uma ufania que esmague as humilhações que o adversário procura impor a Cristo.
Daí vem a palavra exaltar. Exaltare, altere in alto, levar para o alto. Quer dizer, levar para o alto aquilo que estava humilhado, que estava abaixado. É esta então a glorificação da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É exatamente o que falta ao “heresia-branca” (*). O “heresia-branca” quando vê qualquer humilhação, faz uma cara preguiçosa, baba e foge. Enche de vergonha a causa que deveria defender.
A Causa Católica precisa ser defendida com espírito de Cavalaria e, portanto, se alguém injuria a Cruz diante de nós, devemos redargüir incisivamente. Mas não como se defende a nossa honra, porque a nossa honra é uma coisinha muito insignificante, mas como quem defende a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo, a honra de Nossa Senhora.
Ter, portanto, esta espécie de sentido da contínua exaltação da Cruz, esta espécie de espírito de cavaleiro, de guerreiro, que está lutando pela glória da Cruz continuamente, é a graça que nós devemos pedir na festa da Exaltação da Santa Cruz.


(*) Com a expressão "heresia branca", o Prof. Plinio designa uma atitude sentimental que se manifesta sobretudo em certo tipo de piedade adocicada e uma posição doutrinal relativista que procura justificar-se sob o pretexto de uma pretensa "caridade" para com o próximo. 

FONTE: www.pliniocorreadeoliveira